A repórter australiana Lauren Tomasi foi atingida por uma bala de borracha enquanto cobria os protestos contra a política anti-imigração do presidente norte-americano Donald Trump, em Los Angeles, na Califórnia. O caso aconteceu neste domingo (8) e foi registrado ao vivo pelas câmeras da emissora 9News, pela qual a jornalista atua como correspondente nos Estados Unidos.
Tomasi fazia uma entrada ao vivo da linha de frente das manifestações, detalhando a ação da polícia. “Depois de horas de resistência, esta situação rapidamente deteriorou. A polícia de Los Angeles está se movimentando de pé, atirando balas de borracha em protestantes, movendo-os pelo coração da L.A.”, relatava.
Instantes depois, o cinegrafista virou a câmera para um bloqueio policial posicionado em um cruzamento. Foi nesse momento que um dos policiais se virou e atirou contra a repórter, atingindo sua perna. A ação pareceu intencional. Lauren gritou de dor, enquanto o cinegrafista, correndo, alertava: “Você atirou numa repórter!”
O disparo foi feito a curta distância e a repórter ficou ferida na perna. Apesar do impacto, segundo informações da imprensa australiana, Lauren não sofreu ferimentos graves e passa bem. Toda a cena foi transmitida ao vivo para a Austrália. Assista abaixo:
Welcome to Trump’s America.
9 News Australia US Correspondent Lauren Tomasi shot by LAPD with a rubber bullet live on air. pic.twitter.com/PbgcmBxCbY— Chris Borkowski (@cborkowski) June 9, 2025
Esse não foi o único momento de tensão enfrentado por Tomasi no domingo. Durante a cobertura, ela também foi cercada por manifestantes enquanto o som de tiros e granadas de efeito moral ecoava ao redor. Em certo momento, um manifestante chegou a agarrar a câmera usada pela equipe da 9News.
Após o ataque da polícia, a emissora australiana Nine, responsável pela 9News, se pronunciou. “Lauren Tomasi foi atingida por uma bala de borracha. Ela e o cinegrafista estão seguros e continuarão o trabalho essencial de cobertura dos acontecimentos. Este episódio é um lembrete dos riscos que jornalistas enfrentam ao reportar diretamente de áreas de conflito”, disse o comunicado.
O caso gerou forte repercussão política na Austrália. A senadora Sarah Hanson-Young classificou a ação como “chocante e inaceitável” e cobrou explicações urgentes do governo norte-americano: “A liberdade de imprensa é um pilar fundamental de uma democracia forte e funcional”.
Brigas internas
Além de Lauren Tomasi, um fotógrafo britânico também foi alvo da repressão policial. Ele foi atingido por uma bala de borracha e precisou passar por uma cirurgia de emergência.
Em sua rede Truth Social, no domingo, Donald Trump pediu o fim dos protestos e ameaçou empregar as Forças Armadas: “A situação está muito ruim em Los Angeles. TRAGA AS TROPAS!”.
Não está claro a quais tropas Trump se referia, já que ele já havia enviado soldados da Guarda Nacional à cidade no sábado (7), contrariando as ordens do governador da Califórnia, Gavin Newsom.
Newsom criticou duramente a ação do presidente, classificando-a como “ilegal e imoral”, e anunciou que pretende acionar a Justiça: “Donald Trump criou as condições que você vê na TV hoje à noite… ele está colocando mais lenha na fogueira. [É] um ato inconstitucional, e vamos testar essa teoria com uma ação judicial”.
Normalmente, a Guarda Nacional de um estado só pode ser mobilizada mediante solicitação do governador.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques